segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Marinheiro sem pouso

Desejo, como tantos, um porto seguro:
E em toda a minha vida velejei em clandestinidade.
Parei, enfim, em calmaria, em porto tranqüilo,
E o que me espera?

Descobri que todo porto está em uma nação,
E que pode ser um prazer único nacionalizar-se;
Mas que pode não haver maior martírio
Que não ter amor à pátria...

Pude ver que não é fácil enfrentar os problemas,
Mas, com amor, é um desafio que ensina a se estabelecer;
Já a quem não ama, é difícil demais para seguir...

Querida, eu te quero bem; mas tenho que partir.
Gostaria de parar no porto de teu coração.
Mas é insustentável, se não guardo em meu peito tua nação!

Pablo de Araújo Gomes, 15 de novembro de 2004

domingo, 25 de janeiro de 2004

Face e Contrafação

Se teu beijo me arranha,
Sua falta me transpassa como lança.

Assim meu amor sobrevive alimentado
Por facas de dois gumes,
Que alimentam com pequenas doses de veneno.

Se teu abraço me sufoca,
Sua falta não me deixa respirar.

Assim meu amor vive intenso e forte,
Enquanto eu não tenho forças
Para acompanhá-lo ou deixá-lo ir.

Se dizes que me amas e me deixas,
Quando não me amavas, estavas comigo.

O que eu posso esperar?
Como poderia tentar entender a tua lógica?
Se, assim, me permitias viver com fome,
E hoje, que me alimentas, me matas um pouco a cada dia...

Pablo de Araújo Gomes, 25 de janeiro de 2004